Eu não faço ideia se esse texto vai ficar bom, porque estou passando por um bloqueio brutal. Não estou conseguindo me concentrar direito em nada e isso tem me angustiado de maneira excruciante. Não consigo fazer as coisas com a facilidade e a qualidade habitual, como escrever, ler, fazer sudoku, palavra cruzada ou até mesmo ver televisão. Nada prende a minha atenção. Qualquer entretenimento ou atividade rotineira que exija concentração intelectual mínima está sendo um martírio e estou sofrendo de verdade com isso. Estou me sentindo amputada, desamparada.
E agora você deve estar indagando do que eu estou falando, porque eu estou escrevendo neste exato momento, o que é bem contraditório. E é, totalmente. Concordo com você. Mas acho que eu já deixei bem claro que a minha mente não faz o menor sentido.
Mais uma vez eu lembrei que criei esse espaço exatamente com o intuito de despejar em palavras, sensações e ideias, algumas vezes claras, outras vezes confusas, porém sempre com o intuito de me fazer bem e eu estou, agora mesmo, me sentindo muito melhor por estar digitando essas linhas.
Afim de sanar minha tormenta causada pela falta de concentração, há uns 3 dias, procurei minha psiquiatra e quis saber se esse meu estado mental seria algum efeito colateral dos medicamentos. E ela me disse o que no fundo eu já sabia, que eu tenho que ter paciência e dar tempo ao tempo. E aí eu me deparei com o meu pior pesadelo: o que fazer comigo mesma quando eu não consigo me concentrar em uma outra coisa. Enquanto procurava algo que segurasse a minha atenção, tropecei num texto que dizia que atualmente uma pessoa é vista como bem sucedida quando está sem tempo, porque quem tem tempo não é levada a sério.
Foi quando eu percebi mais uma doença da sociedade atual que me acomete e consome minha saúde mental e me questionei: por que eu preciso estar ocupada com alguma coisa o tempo todo? Por que eu simplesmente não posso ou consigo, por exemplo, ficar vendo o meu gato se lamber ou vendo as nuvens passando no céu? Por que as pessoas sempre precisam saber qual é a boa de hoje pra se divertir, não podem simplesmente não fazer nada sozinhas em casa? Quando foi que 24 horas se tornaram insuficientes para as pessoas terminarem seus afazeres?
Em vez de continuar me frustrando, eu desisti de forçar a minha leitura e a minha concentração. Específico a leitura, porque ler é o hábito que eu mais prezo nesta vida e me encontrar empacada nele me deixa exasperada. Eu preciso ocupar meu tempo livre com liberdade e não com ocupações e funções. Foi imposto de que é preciso ser produtivo o tempo inteiro, do contrário você é vagabundo ou irresponsável. Tenho procurado atividades que me relaxem e que preencham meu cérebro com grandes nadas. (Notem que eu continuo tentando ~ocupar~ meu tempo fazendo nada. Sem falar que foi uma coisa que não percebi sozinha.)
Acho que consegui escrever isso aqui exatamente porque estou conseguindo relaxar. Ainda não sei exatamente como isso funciona, porque acho que se eu soubesse eu não iria precisar me reabilitar sobre esse hábito. É tanta cobrança, por parte minha e da sociedade, pra ter o corpo ideal, ser multifunção, inteligente e dona de casa impecável, que terminei a semana passada chorando acreditando verdadeiramente estar ficando senil porque não consegui ler uma página inteira de um livro best-seller infanto juvenil, não tive concentração pra ver um episódio de Unbreakable Kimmy Schmidt e me vi repetindo frases em mensagens de texto ou até mesmo palavras em conversas faladas.
Cada vez mais me vem a sensação de que se eu fosse uma máquina eu estaria terminalmente quebrada e vejo a minha sorte por ser composta de neurônios e não de placas e peças, porque provavelmente eu teria queimado várias. E o mais curioso ao fazer essa comparação é porque tenho sentido mais necessidade de me conectar com a natureza, tanto o meio ambiente quanto a humana, para encontrar o que é necessário para minha mente estar saudável e em paz.
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