Hoje acordei como Linda, a boneca de Lego. Na verdade, eu tenho sido Linda há algum tempo. Isso quer dizer que eu estou ficando toda dura e com a mão no formato de um boneco de lego.
Perguntei ao primeiro psiquiatra, ele caiu da cadeira de tanto rir quando eu disse “mãos de lego”, e depois me disse que isso era da ansiedade. E pra deixar claro, não me ofendi com o fato dele ter rolado de rir. É engraçado alguém chegar e falar “Então, eu estou com mãos de lego. É normal?”. A segunda psiquiatra disse que eu precisava ver um neurologista, mas que, sim, poderia ser ansiedade.
O que importa é que eu estou ficando, cada dia mais, com mãos de lego. Eu ando e lá está a mão de lego. Quando o negócio tá ruim, são as duas mãos. Mas geralmente é só a direita que fica no formato redondo.
Quem me conhece já logo bate o olho na mão e sabe que tem algo estranho. Alguns comentam, mas a maioria das pessoas não diz nada. Devem pensar que é algum efeito colateral ou sintoma, pode ser qualquer coisa vindo de mim.
Só sei que eu trabalhei ano passado inteiro com a mão de lego e sentia muita vergonha dela. Porque ficava o tempo todo com ela pra cima e tinha que fazer muito trabalho braçal. Eu tinha a sensação que as pessoas me viam como uma inapta.
Às vezes a mão de lego é fica tão intensa, que dói e não consigo esticar os dedos e a palma da mão. A dor sobe até o cotovelo, o ombro. Preciso fazer alongamento todos os dias, porque tenho medo de ficar assim pra sempre.
E ela tá sempre aqui comigo, porque é inconsciente, que nem respirar. Ela só deixa de existir, quando eu penso nela. Mesmo quando estou deprimida ou quando tomo medicamentos que me deixam mais relaxadas, ela está aqui firme e forte.
E no fim, batizei toda essa história de Linda, mãos de Lego. Porque prefiro levar na esportiva do que pensar que estou com a mão em forma de garra e que dói e que me acho patética por isso. Eu não tenho o menor controle sobre isso e até agora não obtive uma resposta concreta do possível motivo.
E se, no fim, a resposta for ansiedade, eu realmente vou ter que procurar tratamentos alternativos, como acupuntura, porque, afinal, eu já tomo remédio pra dopar elefante.
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