Esse é um assunto polêmico principalmente porque se banalizou o uso desse termo pela internet. Entretanto, para quem sofre de uma doença mental ou sofreu um trauma, os gatilhos são muito importantes e devem, sim, ser evitados.
Sempre que escrevo um texto, eu peço para o meu marido revisar e quando eu estava no Brasil eu os lia também antes de postar para a minha mãe. Meu marido não só revisa a parte gramatical, como filtra se estou sendo muito direta em determinado assunto e se isso pode se tornar um possível gatilho.
Para alguns posts, tive que fazer versões light porque estavam repletos de gatilhos. Eu tento fazer daqui um lugar agradável, mesmo que muitas vezes eu fale de assuntos difíceis. Não vou negar que eu omito muitas coisas para não pesar os textos, mas acho que dessa forma consigo manter a boa leitura e não engatilhar nada em ninguém.
Nunca fui de pedir opinião aos leitores, mas se vocês quiserem opinar sobre isso, fiquem à vontade. Se por acaso vocês acharem que eu deva abrir mais o jogo e contar mais sobre o que passo, me escreva, e eu vou pensar sobre o assunto. Até porque nem sempre é fácil escrever sobre determinada situação, me expor.
Tenho esse cuidado porque sou muito afetada com os gatilhos. Por exemplo, quando se tem uma notícia de suicídio rolando na web, eu evito a todo custo abrir qualquer coisa sobre. Meu marido outro dia me avisou da possibilidade de um suicídio de um famoso, mas acabou que a perícia confirmou que a morte foi por um AVC.
Ele me avisa exatamente para eu evitar as redes sociais ou jornais. Infelizmente a mídia ainda não sabe reportar de maneira correta e saudável um suicídio. Muitas vezes cometem erros, até ilegais, de dar detalhes que são gatilhos certeiros.
Eu sempre lembro do caso do Chris Cornell e Chester Bennington, onde eles se suicidaram da mesma forma com apenas 2 meses e alguns dias. Eles eram grandes amigos e Chester até cantou na homenagem a Chris pouco antes de morrer. Sem falar que Chester se foi no dia do aniversário de Chris. Ninguém pode responder isso, porém acredita-se que todos esses gatilhos contribuíram para que Chester fizesse a exata mesma coisa, nesse dia específico.
Gatilhos já me levaram a fazer muitas coisas ruins. Datas, lugares, músicas, situações diversas. Até cheiros já me afetaram. Por isso eu tomo tanto cuidado com o que escrevo aqui ou posto nas minhas redes sociais. Tento sempre pensar em como minhas palavras vão afetar as pessoas.
Fico extremamente triste por ver a banalização do termo, pois é um assunto muito sério. Não importa qual seja o tema, se for delicado deve ser, pelo menos, alertado no início que contém conteúdo sensível para algumas pessoas. Dessa forma, as pessoas que não conseguem lidar com aquilo podem evitar e não serem afetadas. É preciso ter responsabilidade com o que escrevemos na internet, pois ninguém sabe a repercussão que pode gerar.
Por ora continuarei escrevendo meus textos como venho fazendo. Mas caso você ache eu deva relatar mais sobre o lado sombrio do transtorno, entre em contato aqui. Pois muitas vezes acho que escrevo muito sobre superação e esperança, mas não falo muito de determinadas situações para não causar incômodo. Afinal o transtorno bipolar é tudo menos confortável, fácil ou sem escuridão, assim dizendo.
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